“Madonna está de volta!”, comemoram fãs e estampam jornais e revistas especializados por todo mundo. A madonnamania está reaquecida com força e a razão para isso é MDNA (Universal), o disco que a superstar lança mundialmente amanhã. O trabalho é coproduzido por William Orbit, do álbum Ray of Light, de 1998, e tem participações de M.I.A. e Nicki Minaj.
Trinta anos depois de lançar o primeiro single – Everybody saiu em outubro de 1982; o primeiro álbum, que leva seu nome, veio em 1983 –, a cantora de 53 anos retorna ao circo pop mais Madonna do que nunca, afirmam os fãs. Basta ver os comentários no site YouTube sobre os clipes e as canções liberadas gradativamente nos últimos meses no canal oficial da diva.
Descontrole
Mas a tal volta de Madonna merece ser analisada de perto. Se ela nunca saiu dos holofotes, a palavra retorno não é a mais adequada. “O título de Rainha do Pop foi criado para ela, ninguém tira isso dela”, afirma o professor universitário baiano Rodrigo Ribeiro Barreto, 41. Durante o mestrado em Comunicação e Cultura Contemporânea na Ufba, ele pesquisou a construção da imagem de Madonna. Como diz mesmo a rapper Nicki Minaj na faixa I Don’t Give A: “Existe apenas uma rainha, e ela é Madonna”.
Com base no material que foi sendo divulgado na internet e em audições das 16 faixas para jornalistas no famoso estúdio Abbey Road, em Londres, os críticos abriram a torneira de elogios. “MDNA é brilhantemente descontrolado”, escreveu The Guardian.
A Billboard foi além. Para a revista, “ela ainda mostra ao mundo como o pop deve ser feito. MDNA é uma coleção de boas e poderosas canções pop, algumas delas feitas com brilhantismo”.
Para a MTV – que surgiu no cenário na mesma época que Madonna –, MDNA é uma droga que vale a pena. A análise faz referência à polêmica em cima do nome do disco, possível referência à substância MDMA, ou ecstasy. Madonna declarou que é só uma brincadeira, uma redução do próprio nome.
Indiretas
Assim como o disco anterior, Hard Candy (2008), MDNA caiu na rede antes do lançamento oficial– o download de todas as faixas já podia ser feito na terça. Apesar de citarem uma derrapagem ou outra, os críticos destacam a interessante dicotomia do álbum.
Tem um lado dançante e uma parte sombria. Em I Fucked Up (Eu Estraguei Tudo, em português comportado), ela se desculpa por erros cometidos em relacionamentos passados e diz que só queria uma vida tranquila e uma casa com piscina.
Claro que Madonna também mostra as garras. Em I Don’t Give A, narra um casamento infeliz. Em Gang Bang, canta sobre dar um tiro no amante. Muitos viram aí uma alfinetada no ex-marido Guy Ritchie, com quem ela tem dois filhos: Rocco, 12, e David, 6. Madonna também é mãe de Lourdes Maria, 15 – que faz backing vocal na faixa Superstar – e Mercy, 5.
Luxo
Este tem sido um bom ano para Madonna. Além dos elogios ao álbum, ela lançou o filme W.E, sobre a vida amorosa do rei inglês Eduardo VIII (1894– 1972). Mesmo com a crítica não gostando de sua direção, a artista ganhou o Globo de Ouro de melhor canção por Masterpiece.
A primeira grande ação para divulgar MDNA foi em fevereiro. Madonna fez uma nababesca performance na final do Super Bowl, o mais importante campeonato de futebol americano, em Indianápolis, nos EUA. Cantou clássicos como Like a Prayer e Vogue e apresentou Give Me All Your Luvin'. A luxuosa cenografia incluiu, claro, um trono.
A turnê passada, Stick and Sweet, veio ao Brasil em 2008. Ainda não há confirmação de shows do novo disco por aqui, mas uma data já teria sido agendada para 9 de dezembro, no estádio Olímpico, em Porto Alegre.
Os fãs já estão em polvorosa. “As turnês dela sempre têm algo a acrescentar. São criativas e de bom gosto. É o que ela faz de melhor”, afirma o servidor público Handerson Monteiro, 36, fã da artista desde os anos 80.
Lady Gaga
“Surgida” para a fama em 2008, Lady Gaga vem seguindo a cartilha de Madonna e chegou a ser apontada como a sucessora da Rainha do Pop. A rivalidade é incentivada pelos fãs de Gaga – os little monsters.
Madonna, porém, parece ter predileção por uma discípula que tem mais anos de estrada: “Britney Spears é melhor que Lady Gaga”, declarou a estrela numa entrevista recente. Para o pesquisador Rodrigo Barreto, o segredo do sucesso de Madonna passa por parcerias muito bem azeitadas e a falta de medo para ousar. Ele descarta a pecha de marqueteira que muitos tentam colar na cantora.
“Os marqueteiros certamente não teriam aprovado as provocações ao Vaticano de Like a Prayer ou as críticas ao presidente George W. Bush em American Life. A América ainda é conservadora”, diz. Madonna, claro, não está nem aí e se joga na pista. Os súditos vão junto.
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