quinta-feira, 10 de maio de 2012

MADONNA TRIUNFAL

O Triunfo da Vontade


Mais do que um show, o que Madonna fez no intervalo do último Super Bowl foi uma demonstração de poder.



Se a apresentação foi boa ou ruim, se agradou ou não, tudo isso é secundário agora. Madonna queria dar um recado e ele está dado: no olimpo do showbizz, ela é a divindade mais poderosa, capaz de mobilizar todas as forças disponíveis para realizar a extravagância que desejar. E lá estava ela cantando pela primeira vez sua música nova – "Give me all your luvin'" – na metade exata de uma transmissão que, estima-se, foi a maior audiência da TV americana em todos os tempos, com um espaço publicitário que custou, em média, US$ 3,5 milhões para cada 30 segundos de comercial.

Qual uma Cleópatra pós-moderna, vestida em exclusivas peças épicas da Givenchy, Madonna mostrou que pode comandar um espetáculo que, apesar da curtíssima duração de 12 minutos, contou com cerca de 300 profissionais sobre o palco, entre dançarinos, músicos e cantores, pelas minhas contas. Calculo que pelo menos 500 figurinos tenham sido usados pela gigantesca trupe. Mas os números oficiais estão por vir e podem surpreender mais ainda.

Madonna mostrou que pode dispor de um imenso palco altamente tecnológico, exuberante e único, criado com exclusividade para esses meros 12 minutos.

Madonna mostrou que pode atrair 500 fãs para trabalhar de graça nos bastidores do seu minishow, montando e desmontando o tal palco em apenas sete minutos, sem qualquer erro aparente.

Madonna mostrou que pode usar o Cirque du Soleil para ajudá-la a conceber o conceito visual de uma apresentação sua, mas com a sua cara, não com a cara da renomada trupe canadense.

Madonna mostrou que pode misturar soldados egípcios, corais evangélicos, líderes de torcida, breakdancers, acrobatas e fanfarras em uma única apresentação sem ter que se preocupar se alguém vai considerar excessivo ou incoerente.

Madonna mostrou que pode usar, a seu bel prazer, a fortíssima marca Vogue e as imagens de estrelas clássicas de Hollywood, como Marlon Brando, Greta Garbo, Humphrey Bogart e James Dean.

Madonna mostrou que pode convocar a dupla LMFAO, um dos maiores sucessos pop do momento, para literalmente carregá-la nos ombros diante de uma plateia televisiva, virtual e presencial quase incalculável.

Madonna mostrou que pode levar uma antidiva obscura do pop alternativo – M.I.A. – a fazer uma impensável figuração como cheerleader ao seu lado.

Madonna mostrou que pode ter Cee-Lo Green, um dos maiores talentos da música revelados nos últimos anos, apoiando-a nos vocais, trajado com as fantasias que ela mandar – no caso, de líder de coral gospel e líder de fanfarra.

Madonna mostrou que pode fazer Nick Minaj (outro grande sucesso comercial recente) ensaiar durante semanas a fio apenas para cantar meia dúzia de versos ao seu lado.

Madonna mostrou que pode posar de rainha egípcia, tendo seu gigante trono dourado puxado por 50 "escravos" e seguido com reverência por outros 50 "súditos".

Madonna mostrou que, apesar de seus 53 anos, pode posar de líder de torcida, chacoalhando pompons, se quiser.

Madonna mostrou que pode encerrar um show desaparecendo em um efeito especial, sem se despedir da plateia nem agradecer.

Nas horas que antecederam o show, Madonna já havia mostrado que pode alcançar o primeiro lugar de vendas do iTunes em 50 países simultaneamente, com um álbum inédito que seus compradores só conseguirão ouvir dois meses depois de terem pago por ele.

Ela simplesmente pode. O resto é opinião, gosto ou achismo.


Alexandre Santos, 36, é jornalista e aficionado por cultura pop e entretenimento

Nenhum comentário:

Postar um comentário